Quando o céu denso e grave pesa feito tampa
no meu túrgido espírito imerso em lástimas,
e a já baça extensão abraçando ele se adianta
a nos fiar um dia negro e triste de borrasca;
Quando a terra fende e converte-se em vil masmorra,
onde nossa esperança, com suas asas de morcega,
flerta arredia os muros num vaivém de gangorra
e roça a cabeça nos tetos sôfrega;
Quando a chuva lá fora ostenta seus cilíndricos jorros,
imitando as grades de vasta cadeia,
e cá aranhas caranguejando arregalam os olhos
e se põem a instalar em nosso coração suas teias,
Sinos irrompem em mim, com toda a loucura,
lançando aos céus alaridos plangentes,
ao modo de aberrantes espíritos que em fúria
a gemer desatassem esplendorosamente.
-E longos carros fúnebres - abolida toda música -
passeiam com vagar em nossa alma; minha espera, vesga,
e derrotada, chora; e minha angústia atroz, expondo suas rusgas,
no meu crânio inclinado crava sua flâmula negra.
Todo poema, por mais que se constele, quer ter charme de estrela isolada, mas nunca será auto-suficiente. Embora de cara nos ofusque com seu brilho, alguma estrela basta-se se brilha fora da gente?